
A depressão na terceira idade e como evita-la
Foi a partir de 1970 que o Brasil teve seu perfil demográfico transformado: de uma sociedade majoritariamente rural e tradicional, com famílias numerosas e alto risco de morte na infância, passou-se a uma sociedade principalmente urbana, com menos filhos e nova estrutura nas famílias brasileiras.
O país envelhece a passos largos. Em 2010, existiam no país 20,5 milhões de idosos, aproximadamente 39 para cada grupo de 100 jovens. Estimam-se para 2040, mais que o dobro, representando 23,8% da população brasileira e uma proporção de quase 153 idosos para cada 100 jovens.
O envelhecimento populacional traz consigo problemas de saúde, mas envelhecer não significa necessariamente adoecer. A menos que exista doença associada, o envelhecimento está associado a um bom nível de saúde. Por isso, é fundamental investir em ações de prevenção ao longo de todo o curso de vida.
Todo ser humano em qualquer fase da vida pode experimentar sintomas depressivos. Nos idosos, a probabilidade é maior, pois apresentam inúmeras limitações e perdas. Entre as principais doenças mentais que atingem os idosos está a depressão. A depressão é multicausal, isto é, ela pode ter tanto uma origem orgânica, que seria um distúrbio nos hormônios do organismo, ou ter fatores ambientais, sociais e psicológicos.
É uma doença freqüente em todas as fases da vida, estimando-se que cerca de 15% dos idosos apresentem alguns sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave.
Além da alta prevalência, a depressão em idosos se caracteriza por um elevado grau de sofrimento, diminuição da qualidade de vida e elevada morbidade, estando, freqüentemente, associada a outras condições médicas gerais. As particularidades da depressão no idoso são queixas somáticas, como dores crônicas, distúrbios de sono e apetite. Dentre os sintomas psicológicos, os mais frequentes são a perda da capacidade de sentir prazer e a de memória, em sua maioria. Outros sintomas são, ansiedade, pensamentos negativos, delírios e alucinações, sentimento constante de cansado e sono, lentidão mental e física, perda de apetite, entre outros.
Em cerca de 50% dos casos, particularmente em idosos com saúde física comprometida, a depressão pode tornar-se um problema crônico ou recorrente. Em idosos as taxas de suicídio são duas vezes mais freqüentes que na população geral e, embora as tentativas de suicídio diminuam com a idade, sua letalidade aumenta.
Diante de todos estes dados se torna evidente que não é possível considerar a depressão no idoso, simplesmente, uma conseqüência “natural” do envelhecimento. Esta doença tem alto impacto na vida do paciente e de seus familiares, com significativo comprometimento nos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas do funcionamento.
Apesar de, hoje em dia, dispormos de diversas abordagens psicoterapêuticas e de tratamentos medicamentosos eficazes e seguros para o tratamento dos transtornos afetivos, a depressão em idosos tem sido subdiagnosticada e permanece não tratada. Esta situação leva à incapacitação em grau elevado e ao prejuízo funcional, com riscos aumentados de hospitalização. Todos esses fatos tornam a depressão em idosos um problema de saúde grave, que nos leva a pensar na importância de se identificar grupos de risco e tratá-los preventivamente.
A depressão tem cura, mas a melhor forma de combater é evitá-la. A maior prevenção é a amizade, a vida social, incentivar a pessoa a manter projetos e objetivos. A presença da família é de extrema importância. O importante é manter esta pessoa sempre ativa, incentivando o convício social. Envelhecer faz parte da vida, mas isto não significa que ela chegou ao fim da vida.
Estudos mostram que prática de atividades agradáveis atua na prevenção e superação de desordens psicológicas, ajuda a lidar com os efeitos negativos de perda de funcionalidade, favorecendo o bem-estar físico e psicológico.
Existem espaço destinados a atividades de socialização totalmente voltados à terceira idade. Nestes espaços, além da socialização, são desenvolvidas atividades de reabilitação física e cognitiva, o que traz maior independência e o resgate da funcionalidade, essenciais para a recuperação da autoestima e da autoconfiança. Estas atividades, orientadas por profissionais capacitados, são muito importantes na complementação do tratamento da Depressão.
Em Brasilia DF, o Grupo Altevita possui duas unidades, totalmente adaptadas e preparadas para receber idosos saudáveis, ou com necessidades especiais. As atividades são realizadas em grupo ou individualmente, de acordo com a preferência e necessidade do idoso.
Alguns dos espaços onde as atividades são desenvolvidas: sala de musicoterapia, salas de jogos, auditório, academia, sala da memória, cozinha experimental, cinema. Acontecem ainda eventos temáticos, exibição de filmes, apresentações artísticas, terapias diversas em grupo.
Além do acompanhamento de profissionais capacitados (terapeuta ocupacional, enfermeira, fisioterapeuta, médio geriatra), estes locais proporcionam o convívio com pessoas da mesma idade, o que é muito importante para a manutenção das relações sociais.
Estes espaços oferecem, além da opção de realizar as atividades durante o dia, também a opção de hospedagem permanente ou temporária.